...Às vezes dá-me p`a ler outras pra escrever, às vezes dá-me p`ouvir outras pra cantar, às vezes dá-me p`a rir outras p`a chorar... Eis que apenas "eu" e os "outros" vivemos no mesmo mundo, não assim tão longe...

23/10/2011

...quantas, quantos... ?...


Quantas palavras foram gastas para falar do silêncio. Quantos abraços foram aceitos impregnando o meu campo energético com um peso denso, e quantas vezes me protegi de uma carícia sincera. Quantas vezes suguei e fui sugada chamando isto de bondade. Quanto mais adequada eu tentava ser, mas eu me perdia do que eu era. E abafei minha loucura no peito comprimido para ser socialmente agradável. E escrevi coisas otimistas quando estava sofrendo de tanto medo. E ninguém sabia que aqui do outro lado eu estava chorando.

Marla de Queiroz

...Não me atrevo...



Sonhei que você sonhava comigo. Parece simples, mas me deixa inquieta.
É um atrevimento meu supor ser capaz de atravessar — mentalmente, dormindo ou acordada— todo esse espaço que nos separa e, de alguma forma que não compreendo, penetrar nessa região onde acontecem os seus sonhos para criar alguma situação onde, no fundo da sua mente, eu passasse a ter alguma espécie de existência.
Não, não me atrevo.
Então fico ainda mais confusa, porque também não sei se tudo isso não teria sido nem sonho, nem imaginação ou delírio, mas outra viagem chamada desejo.
 

... Sê ...


Senta-te ao sol. Abdica. E sê rei de ti próprio.           

Fernando Pessoa

19/10/2011

...É o amor...


"Independente de tudo o que existe,
é o amor que transforma, irrita, movimenta,
embeleza, enfeia, impulsiona, destrói, liberta e prende.
Em sua órbita, apenas distrações."

Martha Medeiros

17/10/2011

...a tua imagem...


"Vou pensando em ti e em nós cada vez menos, embora te mentisse se te dissesse que não me lembro várias vezes. As coisas mais insignificantes ainda me trazem a tua imagem. Lugares onde estivemos, frases, ideias, músicas, cheiros, pequenos nadas que me levam até à memória do que fomos, memórias nas quais me deixo ir como se num barco que perdeu os remos."

Margarida rebelo Pinto in,
O dia em que te esqueci

12/10/2011

... a quem espera ...


(...)A verdade é que, enquanto você estiver assim, nessa interminável agonia, esperando notícias que nunca chegam, vai deixar passar várias coisas interessantes ao seu redor. Claro, ninguém se compara a quem você aguarda, mas quem você aguarda não está disponível no momento. Poderá, inclusive, nunca estar, apesar de tudo o que foi dito naquele dia. Pessoas que somem não são confiáveis(...)
Fernanda Young
(in let me fly blog)

06/10/2011

...fiz...

eu - montargil


Fiz do deserto um rio.
Das mágoas fiz magia, das lágrimas fiz perdão.
Da solidão fiz amizade.
Da chuva eu fiz lembranças e das cicatrizes fiz poemas.
Da ansiedade fiz tempo.
Das incertezas fiz caminhos e da saudade fiz carinho.

Só não sei me refazer...

publicado por #alma#

05/10/2011

...aqui...


Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história. Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui.

martha medeiros

01/10/2011

...Outubro...

água de madeiros - foto de telmo abreu


De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.



Natália Correia