...Às vezes dá-me p`a ler outras pra escrever, às vezes dá-me p`ouvir outras pra cantar, às vezes dá-me p`a rir outras p`a chorar... Eis que apenas "eu" e os "outros" vivemos no mesmo mundo, não assim tão longe...

26/10/2010

... amor: matéria: vida ...


«Não importa o que se ama. Importa a matéria desse amor. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são só um princípio - nem sequer o princípio.»

Inês Pedrosa in
"Fazes-me Falta"

15/10/2010

...matas-me...

matas-me com o teu olhar

Noites frias de marfim, noites frias ao luar, a conversa já no fim... matas-me com o teu olhar... Sabes que esta vida corre, como a sombra pelo chão, nada fica, tudo foge, ouve a voz do coração... matas-me com o teu olhar... São como cubos de gelo, que eu sinto ao tocar, as palavras têm medo, matas-me com o teu olhar...
uhf

11/10/2010

...à luz do silêncio...

quero-te a ti ... " tan tan tan "

Não quero memórias passadas
Águas levadas
Em rios já mortos

Não quero histórias contadas
De reis e de fadas
Em fins inglórios

Não quero horas marcadas
Nem prendas caras
Em dias de festa

Não quero formas erradas
Nem beijos nem facas
Na ferida aberta

Não quero amor ao minuto
Nem ódio eterno
Não quero o tempo indefinido e diminuto
Entre o Outono e o Inverno

Não quero abraços encolhidos
Nem sonhos perdidos
De alguém que acordou

Não quero choros escolhidos
Em mares perdidos
Que alguém nem tocou

Não quero a estreia da mentira
Nem o final da verdade
Não quero o sindroma da vida
Que embala a saudade

Não quero que me queiram nunca
Se um dia puderem não me querer
Não quero sentir qualquer morte
Sem poder morrer

Não quero
Tudo o que me quer assim
Como apontamento numa agenda

Quero a liberdade dos sentidos
Sem segundos contidos
Sem limite que me prenda

Faça-se silêncio
Entre a inércia e o acto!!!
Que eu tenho com o tempo um pacto
Onde, nem um, nem outro pode existir

Faça-se silêncio
Ouçam-me, sentir!!!

08/10/2010

... dias de chuva ...


Sempre gostei dos dias de chuva que aparecem inesperadamente no meio do Verão. Aquela sensação de frio que nos confirma que havemos sempre de precisar do conforto de um abraço. Até porque os "Verões" acabam sempre.
Gosto do cheiro da terra molhada, da forma como a água se torna parte integrante da realidade à nossa volta, e nos obriga a olhar de maneira diferente para as coisas de todos os dias.
Gosto do som do eco da água que me chega. Identifico-me com ela, porque a imagino perdida, desencontrada de si, sem perceber o que lhe compete mais fazer aqui para além de se abandonar a esta queda inevitável e contínua...
Também eu me sinto perdida em dias assim. À espera de compreender melhor porque é que também eu me abandono à queda.

... não desistas ...


A luz da manhã e o teu corpo por dentro... E a pele na pele de quem se quer tanto
Não tenho mais segredos... Escondi-me nos teus dedos... Somos metades iguais
Mas hoje só hoje... Leva-me para onde vais... Que eu quero dizer-te:
Não desistas de mim...
Não te percas agora...

Não desistas de mim...
A noite ainda demora...

07/10/2010

... esta paz ...


... "Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser." ...


Fernando Pessoa