...Às vezes dá-me p`a ler outras pra escrever, às vezes dá-me p`ouvir outras pra cantar, às vezes dá-me p`a rir outras p`a chorar... Eis que apenas "eu" e os "outros" vivemos no mesmo mundo, não assim tão longe...

30/09/2009

...la nuit...

Amor...os anjos esta noite não dormem...dançam...
E eu não vou chorar, vou sonhar contigo...
imagem de Miguel Veiga na net
"Gosto destas noites que trazem dentro delas esse paladar doce e embriagante a infinito. Levantar os olhos e ver o todo. Dessa sensação boa de não sentir o fim. Como se às vezes, só por instantes, o "para sempre" pudesse ser mais do que só um desejo. Gosto deste vento vaporoso que me segreda ao ouvido palavras que não sei decifrar. E da certeza que tenho de que não é tão importante assim saber traduzi-las. Apenas deixá-las fazerem parte de mim. Um raio de luar transporta uma carícia. Um brilhar mais cintilante de uma qualquer estrela leva um beijo de saudade. O som da onda que quebra no escuro da praia conta um segredo. A noite. Silencioso e discreto mensageiro este, que se veste de negro, enquanto traz e leva pedaços de nós. Pequenos pontinhos de luz agarrados ao infinito. Gosto que seja noite agora. É terna e quente a textura na minha pele. É suave e doce na minha boca. Como se fosse o beijo de um amante ausente que o momento traz até mim."

Escrito por cláudia mas deixado aqui... de mim...para ti... só porque sim ... Porque hoje estou feliz por te amar, e existires em mim, embora isso não alivíe a dor de te não ter... Esta noite, prefiro dar lugar à esperança...

bj Malu

29/09/2009

...até quando...

Até quando vais fingir que assim sofres menos,
ou que assim me fazes menos sofrer?!

até quando é o teu até breve ?
até quando é o teu para sempre ?
até quando é o teu NUNCA ?
até onde achas que vais assim
até onde foste agora,
se como paraste dizias não ir a lugar nenhum?

Muda, que quando a gente muda
o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente

Na mudança de atitude

não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro



até quando

Gabriel "o pensador"

...empresta-me...


A vida é a arte do encontro,
embora haja tanto
desencontro pela vida.
É preciso encontrar
as coisas certas da vida,
para que ela tenha
o sentido que se deseja.

(...)

Uma vida só adquire vida,
quando a gente empresta
nossa vida,
para o resto da vida.

Vinícius de Morais

...mais ou menos ...

salade fisica


A gente pode
morar numa casa mais ou menos,
numa rua mais ou menos,
numa cidade mais ou menos
e até ter um governo mais ou menos

A gente pode
dormir numa cama mais ou menos,
comer feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos,
e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.

A gente pode
olhar em volta e sentir que tudo está
mais ou menos.

Tudo bem.

O que a gente não pode
mesmo, nunca, de jeito nenhum,

é sonhar mais ou menos,
é ser amigo mais ou menos,
é namorar mais ou menos,
é ter fé mais ou menos,
e acreditar mais ou menos.

Se não a gente corre o risco de se tornar
Uma pessoa mais ou menos.

- Chico Xavier -

25/09/2009

...Insisto...

..."quando me pediste para olhar para ti,
lembras-te de quando me pediste para olhar para ti?
desviei o meu olhar do teu, mas tu insististe.

insististe em ficar comigo... insististe em existir em mim."...

uma foto minha...uma projecção tua

Não vás agora... por favor !!!

Equilíbrio vs Loucura?!

( já que não falas comigo - falo sózinha )
Parte I

- Sabes o que acho do equilíbrio?

- Não, conta-me...

- É aquilo a que chamamos de vingança ou couro-por-couro...ou mau feitío por má rês ou olho-por-olho...

- Explica melhor...

- Se me dói, para que não fiques em desvantagem, terá que te doer a ti também pra que saibas do que estou a falar, entendes?

- Não, não entendo!

- Pois não, porque não te dói!
Não estou a falar da mesquinhês da mania da igualdade de sensações, tipo: "tens que sofrer como eu, ou tens que passar pelo mesmo, para veres o que é pêra doce!... não!
Estou a falar de nós, seres racionais, e do facto comprovado cientificamente de só reconhecermos aquilo de que somos capazes... e tu não és capaz de sentir como eu... não reconheces sequer a minha capacidade, de sentir, de amar de sofrer de abdicar, de exigir para poder desistir... logo não sabes como me dói...

- Sim, mas eu sei o que sentes, eu também sinto...

- Só poderás saber a dimensão do que sinto ou do que falo, se sentires como eu, para poderes discutir, comparar, ou equilibrar como eu quero ou preciso para meu prórpio equilíbrio, caso contrário, será "chinês" a minha linguagem para ti.
- Pois tá bém ... Lá vais tu... quando voltas pra eu voltar aqui?
- Não volteeeeeeeeeeeeees... Precisava de ti aqui, A.G.O.R.A...
Parte II

- E não podes viver sem isso...?!
- Posso,mas não seria a mesma coisa, não entendes...?! - Nunca vês quando me sinto descompensada, nunca me dás a dose que preciso, quando mais preciso...
- Que merda de ressaca...!
- Que vício de caca!!!
- Porquê me torturas assim?!
- Porque existes... !!!... Logo ...
- Não vês como eu gosto de ti?! Que também preciso de ti?
- Mas eu não quero que gostes de mim, quero que sejas louco por mim!
- Queres que eu cometa uma loucura é isso?!
- `Ela´ não existe...!!!... Logo ...
Parte III

- O que é que não existe...? O meu amor...? não sabes como te amo? Porquê és assim?

- Sou como não sabes que sou... sou demasiado para ti!

- E és louca por mim?

- Louca sou, sempre fui louca... só ainda não viste o quanto por ti? Porque não te dói, não és capaz de o sentir, não és capaz de o ler em mim... É isso que me destrói!

- Espera, não te destruas assim. Tu sabes o que eu sinto, vês isso em mim, reconhece-lo... porque tens de ficar assim?

- Não posso esperar mais...quero mais!

- Não te destruas assim... ajuda-me...deixa-me poder amar-te ler-te, ver-te completamente... ainda há tanto pra descobrirmos... só depois de ler toda a mensagem, podes destruíla, e esperar, pra ver se eu serei ou não capaz de cumprir a missão...

- Beeemmmmmm...afinal também és um bocadinho L O U C O...

- Por ti sim...tu sabes que sim... Deixa-nos ir até ao fim... Nós temos o direito de pelo menos tentar ser felizes... tens que ser forte...

- Sozinha não consigo ... vai demorar muito pra mim ... E tu sabes que eu não sei estar sem ti...

- "Não tenho o direito de pedir-te que esperes por mim"...

- Não és louco o suficiente para pedir-me... para saberes que bastaria pedires-me ... E a esperança ou a história, não acabavam nunca, nem nehum dia mais, assim...

(eu comigo)

24/09/2009

...Que eu jamais queira pedir-te amor...


Oxalá estivesse cada amante absorvido apenas pelo seu amor, docemente descuidado dos sentimentos do outro e ao mesmo tempo, e precisamente por isso, esquecido de si próprio, imerso como um peixe jubiloso na realidade do outro. Nenhum amor teria alguma vez fim. «Que eu jamais queira pedir-te amor» deveria ser o voto recíproco dos amantes, a fórmula sacramental das núpcias.
É um equilíbrio impossível, mas de que mais há-de o amor desejar viver?


«Enquanto não estiverdes em condições de ouvir o aplauso de uma só mão...».
(Ko-an de Hakuin)
Cristina Campo,
in Os Imperdoáveis - Contos de Fadas e Mistério

23/09/2009

...tanto...tanto...

desenho de francois dubeau

Eu fui devagarinho, com medo de falhar,
não fosse esse o caminho certo para te encontrar.
Fui descobrindo devagar cada sorriso teu.
Fui aprendendo a procurar por entre sonhos meus.

Eu fui assim chegando, sem entender porquê...
Já foram tantas vezes, tantas assim como esta vez.
Mas é mais fundo o teu olhar, mais do que eu sei dizer.
É um abrigo pra voltar, ou um mar para me perder...

Lá fora o vento nem sempre sabe a liberdade.
A gente finge, mas sabe o que não é verdade.
Foge ao vazio enquanto brinda, dança e salta.
Eu trago-te comigo e sinto tanto, tanto, a tua falta...

Eu fui entrando pouco a pouco,
abri a porta e vi que havia lume aceso e um lugar pra mim.
Quase me assusta descobrir
que foi este sabor que a vida inteira procurei, entre a paixão e a dor.

Lá fora o vento nem sempre sabe a liberdade.
Gente perdida balança entre o sonho e a verdade.
Foge ao vazio enquanto brinda, dança e salta.
Eu trago-te comigo e sinto tanto, tanto, a tua falta...

Lá fora o vento nem sempre sabe a liberdade.
Gente perdida balança entre o sonho e a verdade.
Foge ao vazio enquanto brinda, dança e salta.
Eu trago-te comigo, e guardo este abraço, só para ti...

Mafalda Veiga

`gente perdida´

...imortal silêncio o teu...


Amor, hoje teu nome
a meus lábios escapou
como ao pé o último degrau…

Espalhou- se a água da vida
e toda a longa escada
é para recomeçar
.

Desbaratei- te, amor,
com palavras.

Escuro mel que cheiras
nos diáfanos vasos
sob mil e seiscentos anos de lava –

Hei de reconhecer- te
pelo imortal silêncio.


Cristina Campo

...Tempo...para ler e reler... Re-post

"O amor é tempo e tu não tens tempo para mim. Pelo menos agora. Amor é sorte e talvez eu não tenha sorte. Ou tenha, mas não contigo. Há pessoas a quem falta a saúde, outras uma família que as proteja, outras, a realização profissional. Há mulheres que nunca conheceram os pais, ou que não conseguem ter filhos. Há pessoas que trabalham uma vida inteira e nunca conseguem juntar dinheiro. Há pessoas a quem lhes é retirada a liberdade, ou lhes é interditada a vocação. Na existência humana há sempre uma dimensão que falha. Na minha, na qual alcancei muito mais do que alguma vez achei possível, talvez falte este tipo de amor que há tanto tempo procuro: um amor pleno, supremo e incondicional, um amor sereno e seguro que me proteja do mundo, um amor certo e firme, um amor real, em vez do mundo de sonhos em que vivo mergulhada quase desde que me conheço."

Diário da Tua Ausência, Margarida Rebelo Pinto

...Preciso de Ti...


Endoideço o mar dessa ilha
O sangue,
As unhas,
A penugem que me cobre
A cada golpe
Dessa mágoa que corta o ar
Desse buraco que me engole,
Essa falta que me desmiola

Procuro o chão dessa raiz
O tremor,
O suspiro,
O fio da navalha que me levita
A cada avanço
Dessa erva ruim que me desventra
Dessa doce flor que me espinha,
Esse veneno que me consome

Estilhaço e deixo-me partir
Saudade cravada em meus ossos
Desejo inundado em meus olhos

Entrego-me ao mal e deixo-me possuir
Sede saciada em tua carne
Fome demente em tuas mãos

Preciso de ti esta noite
O abraço
O segredo
O calor no teu olhar que me alenta
A cada desvario
Deste meu coração inquieto que me aperta
Desta minha alma aflita que me ausenta
Esse amor maior que me alimenta


Malu

22/09/2009

... por enquanto...


Por enquanto preciso segurar esta tua mão - mesmo que não consiga inventar teu rosto e teus olhos e tua boca. Mas embora decepada, esta mão não me assusta. A invenção dela vem da tal ideia de amor como se a mão estivesse realmente ligada a um corpo que, se não vejo, é por incapacidade de amar mais.
Não estou à altura de imaginar uma pessoa inteira porque não sou uma pessoa inteira. E como imaginar um rosto se não sei de que expressão de rosto preciso? Logo que puder dispensar tua mão quente, irei sozinha e com horror. O horror será a minha responsabilidade até que se complete a metamorfose e que o horror se transforme em claridade. Embora eu saiba que o horror - o horror sou eu diante das coisas.

Por enquanto estou inventando a tua presença, como um dia também não saberei me arriscar a morrer sozinha, morrer é do maior risco, não saberei passar para a morte e pôr o primeiro pé na primeira ausência de mim - também nessa hora última e tão primeira inventarei a tua presença desconhecida e contigo começarei a morrer até poder aprender sozinha a não existir, e então eu te libertarei. Por enquanto eu te prendo, e tua vida desconhecida e quente está sendo a minha única íntima organização, eu que sem a tua mão me sentiria agora solta no tamanho enorme que descobri. No tamanho da verdade?
Mas é que a verdade nunca me fez sentido. A verdade não me faz sentido! É por isso que eu a temia e a temo. Desamparada, eu te entrego tudo - para que faças disso uma coisa alegre. A verdade não faz sentido, a grandeza do mundo me encolhe. Aquilo que provavelmente pedi e finalmente tive, veio no entanto me deixar carente como uma criança que anda sozinha pela terra. Tão carente que só o amor de todo o universo por mim poderia me consolar e me cumular, só um tal amor que a própria célula-ovo das coisas vibrasse com o que estou chamando de um amor. Daquilo a que na verdade apenas chamo mas sem saber-lhe o nome.

Clarice Lispector

... Amor Fino...hein...!?!

imagem `amar por amar´ do www.sol.sapo.pt
O amor fino não busca causa nem fruto. Se amo, porque me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: e amor fino não há-de ter porquê nem para quê. Se amo, porque me amam, é obrigação, faço o que devo: se amo, para que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois como há-de amar o amor para ser fino? Amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam é agradecido. Quem ama, para que o amem, é interesseiro: quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, só esse é fino.

P. António Vieira

... Espírito de contradição...


Porquê ainda não aprendeste a lêr-me meu amor?!

Tanto tempo e não sabes ainda que não sei estar sem ti...

Porque não vens?! É sempre assim quando eu mais preciso, que te afastas de mim!

Como pode resultar, se me excluis, se preferes não estar na minha vida, do que apenas um abraço, uma palavra de amor, um desengano, um alento que acalme a minha dor....tudo o que te preciso, antes de te deixar ... ?!

malu

imagem morello de jasper

"Abraça-me as arestas ternamente
Como quem abraça o próprio vento
Como quem segura, agarra o dia lento
Como a árvore vai crescendo da semente

Suspira ao meu ouvido engolidor
Os teus sonhos mais simples, mais prementes
O estertor dos teus olhares incandescentes
Toda a expressão do teu instinto e amor

E eu serei para ti a pomba nua
A águia real rompendo o céu cinzento
Que entre os turbilhões do pensamento
Te entrego a minha vida, toda tua"

Jorge Simões

21/09/2009

...Insana...



“Quão enorme é a vontade de ser insana

e na insensatez dos meus actos

provocar em ti um desejo profundo de cair em meus braços.

Enorme é a insanidade

(...)”


Cláudia Jardim

...Estou na linha...


“Estou na linha divisória do entristecer!!!

Me dispam… toquem meu coração,
me coloquem nu em alma…

Para chegar-me a ela…

...

Você é suave…
mas esconde lâminas caso seja ferida…”


Romil Pereira

18/09/2009

...anseios...???...`!´...???


Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha que cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!...
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!

Não estendas tuas asas para o longe...
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!...
Florbela Espanca, in
"A Mensageira das Violetas"

15/09/2009

...bem...



Levantas o teu corpo cansado do chão.
Afastas esse peso que te esmaga o coração.
Abres uma janela e perguntas-te quem és.
Respiras mais fundo e enfrentas o mundo de pé.


Eu venho de tão longe e procuro há mil anos por ti.
Estendo a minha mão até te sentir.
Não sabemos nada do que somos nós.
Mas sabemos tanto do que muda por não estarmos sós.


Abraça-me bem ...


Levantas os teus olhos para me olhar assim.
Procuras cá dentro onde me escondi.
E eu tenho medo, confesso, de dar.
O mundo onde guardo tudo o que mais quis salvar.


Tu dizes que não há outra forma de ficarmos perto.
Não há como saber se o caminho é o certo.
Só pode voar quem arriscar cair.
Só se pode dar quem arriscar sentir.


Abraça-me bem ...


é por isto que eu adoro a Mafalda Veiga...
porque quando toca... me toca...
quando canta, quando compõe... faz-me bem!!!

13/09/2009

...limitados...

"Somos limitados por tudo o que não sentimos"
Natalie Clifford Barney


Não me faz confusão, mas faz-me escrever finalmente sobre isso, ao fim de muitas vezes deparar com as limitações de muitos dos que julgava próximos e/ou minimamente entendidos de mim... As páginas, os sites ou os blogs pessoais ou de cada um de nós:
Porque passamos horas na net, saltitando entre um e outro site, ou blog de milhentas pessoas que nem sequer conhecemos, e fazendo aquilo a que podemos chamar de zapping cibernautico, até parar num ou noutro, que nos faz ler, e procurar e quem sabe voltar...até seguir?
Cada um fala ou escreve por si, ou daquilo que sente ou que vive, ou daquilo que admira ou pelo qual se interessa. Somos livres, e ai, ainda bem, nada limitados. Ora, e cá eu, gosto de ler mais aquilo que me soa a real, aquilo que me transporta a historias pessoais de vida, muitas vezes a episódios de amor sim ou de desamor, outras de luta ou de coragem, outras de pequenos sorrisos e pingos de ternura do dia a dia, uns mais espaçados que outros esses dias, mas a maior parte das vezes, paro por sítios onde não me inspiro nem sequer "invejo" ou desdigo ou apelido de algo.
Navego pelas águas (sítios, lugares e palavras) que me levam, não pelas que me trazem.
Se leio é porque gosto e se volto é porque, ou apenas me revejo... ou simplesmente aprecio e, dá-me qualquer alimento tipo migalha de mata-sede-à-alma, saber que ainda há gente como eu neste mundo.

Não entendo porque teria eu que escrever sobre a actualidade, sobre política sobre desporto, sobre a vida dos outros ou sobre sei lá mais o quê... se não são os temas que me interessam, são as pessoas; e muitas vezes sou tão eu mesma, ao ponto de me interessar apenas por mim naquilo que escrevo, sendo obvio que a minha interpretação é de que isso não pode ser levado como egocentrismo ou egoismo, é apenas estado próprio ou natural, porque não escrevo para ninguém mais se não pra mim, e então seria surreal escrever sobre tudo aquilo ou aqueles que nada ou pouco me diz ou dizem.
Mas, porque raio é que alguém há-de pensar que escrevo sempre para atingir, apontar ou corrigir ou enganar ou maçar alguém mais, que não eu?!
O meu mundo está aqui ou além. E quem o acha medonho foge, quem se sente bem nele fica, já que não tenho portas nem janelas no meu espaço. Por outro lado, se não gostasse de visitas não tinha vindo parar à net!!!

Não conto anedotas - nunca tive geito, não mostro fotos dos grupinhos porque já passei essa fase, não discuto politica nem gosto de bons modos... Se sou como sou, escrevo como estou... sempre... e quando não escrevo, gosto de postar excertos do que leio... será defeito ou mau feitío?!
Há provavelmente quem diga que: não há pachorra, para ler aquilo... não há maneira de animar aquilo, não há ali música, não há ali humor, não há ali notícias do mundo do espectáculo, não sei como consegues expor ali, a tua vida toda naquilo...

Ora ai está... "a minha vida toda" não é só "aquilo", neste caso, isto, que possa "expor" neste ou naquele lugar virtual em que me identifico. E o que me surpreende é haverem tão poucos que reconheçam isso....que também eu, só mostro o que quero de mim... e quem vem aqui, não tem nem a ponta do véu... e não sou sempre assim, ou só assim... e o que escrevo, é de mim, e para mim, como o fiz desde a primeira linha, quer em tinta da china, quer virtual, quer em cadernos vulgares quer em folhas de jornal... sempre que me apetece estou, onde quero estar, falando da teletransportação da alma nas palavras, não na física situação ou real.
Há ainda outra face neste ou noutro qualquer meu blog ou espaço virtual, o facto de haver também quem tenha a mania da perseguição e espelhe a patética sensação de que tudo o que escrevo lhe é dirigido. E aí nem comento, apenas haja em mim...santa paciência para o ignorar...

Mas esta, sou eu, e nem todos somos iguais...
Há quem visite apenas os sítios que ficam bem, os sitios da moda, os sítios que os outros gostam, e por lá se passeie e se "vista" de igual... e esses provavelmente, pelo menos visivelmente, não se mostram por aqui, pra poderem dizer que nem sequer passam por aqui... e por isso se limitam a não estar presentes...
Então, não se sentem é isso!!! - "Lamechices, não é pra mim"... nunca ouvi argumento mais básico para a fachada que muita gente mantém...
A minha vida toda, para mim, dava um filme sim, mas só pra mim... não venho aqui ou a qualquer outro lugar deixar argumentos... desenganem-se os que por fragmentos me julgam, ou por momentos, em que a opacidade ou a transparência são linhas ténues e indivisíveis.

Escrevo sempre na primeira pessoa.... e para quem o sente, isso basta.
Aos que lêm e entendem ( o que não é o mesmo que dizer aos que comentam ) o meu obrigado por serem os meus verdadeiros amigos ou por saberem lêr-me pelo menos...
Aos limitados, não tenho que me justificar...
Malu

...não foi nada...


Talvez houvesse uma flor aberta na tua mão.
Podia ter sido amor, e foi apenas traição.

É tão negro o labirinto que vai dar à tua rua ...
Ai de mim, que nem pressinto a cor dos ombros da Lua!

Talvez houvesse a passagem de uma estrela no teu rosto.
Era quase uma viagem: foi apenas um desgosto.

É tão negro o labirinto que vai dar à tua rua...
Só o fantasma do instinto na cinza do céu flutua.

Tens agora a mão fechada; no rosto, nenhum fulgor.
Não foi nada, não foi nada: podia ter sido amor.

David Mourão-Ferreira,
in "À Guitarra e à Viola"

10/09/2009

...Imaginário???!!!...

desenho de laiz retirado da net


Os homens não amam aquilo que cuidam que amam. Por quê? Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima vidros, cuidando que são diamantes, diamantes estima e não vidros; quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama, e não defeitos. Cuidais que amais diamantes de firmeza, e amais vidros de fragilidade: cuidais que amais perfeições Angélicas, e amais imperfeições humanas. Logo os homens não amam o que cuidam que amam. Donde também se segue, que amam o que verdadeiramente não há; porque amam as coisas, não como são, senão como as imaginam, e o que se imagina, e não é, não o há no mundo.

Padre António Vieira, in "Sermões"

09/09/2009

...de outra maneira...

pintura de luis herberto

Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.

Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje às 9 horas. Traje de passeio".

E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos escuros, olhos de lua de
cerimônia, viríamos todos assistir a despedida.
Apertos de mãos quentes.
Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"

E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes... (primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... ) a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão sutil... tão pòlen... como aquela nuvem além (vêem?)

— nesta tarde de outono ainda tocada por um vento de lábios azuis...


josé gomes ferreira

08/09/2009

...tragédia?!...

encerrando ciclos

"a única chance que uma tragédia nos dá:
a de reconstruir a nossa vida"
Paulo Coelho
(o monte cinco)

...tanta coisa...

Imagem de olga kapatti

"Já não serei feliz, e isso não me importa...
há muitas outras coisas neste mundo."
Jorge Luis Borges

06/09/2009

..."lágrimas de marta"...

lágrimas da alma de ruby yunis

«"«-O tempo passa e não consigo aceitar.» diz Marta com um fio de prata a deslizar-lhe pelo rosto. Já passaram dois anos desde que assinou os papéis do divórcio, mas para o seu coração, que não conhece relógios nem estações, parece que foi ontem. Nelson foi o primeiro namorado, com ele idealizou viver a vida que só é possível nos contos de fadas. Casou, e rapidamente percebeu que a sua existência teria muito mais de Gata Borralheira do que propriamente de Cinderela e com o passar dos anos o seu olhar perdeu completamente o brilho. Os conflitos aumentaram, as discussões generalizaram-se e um dia, de comum acordo, decidiram que a felicidade de cada um se fazia em estradas diferentes. Durante muito tempo Marta sentiu-se tranquila, achando que tinha tomado a decisão certa. Mas o seu mundo voltou ruiu quando o ex-marido decidiu refazer a sua vida e voltou a casar. Chorou com o orgulho ferido no dia do seu casamento, sofre compulsivamente sempre que a filha vai passar os fins-de-semana com o pai, sangra da alma quando ela volta feliz cheia de novidades sobre o pai e a nova mulher dele. Neste final de Verão a pequena Ana tem estado de férias com a nova família e Marta chora ao telefone, diz à filha que a vida sem ela não tem graça e, sem se dar conta disso, coloca nos ombros de uma criança de 6 anos o peso de saber que a sua alegria origina a tristeza da mãe. «-Estás a ser infantil, mesquinha e egoísta» digo-lhe com frieza para ver se a desperto do sonambulismo em que se encontra. Não responde, mas conheço-a para perceber que “Quem cala consente”. Marta sabe que a nossa amizade é forte o suficiente para me deixar à vontade para lhe dizer não aquilo que gostaria de ouvir, mas sim, aquilo que realmente tem de escutar. «-Ainda o amas?» pergunto no intuito de perceber o que vai na sua cabeça, «-Não sei, só sei que ele está feliz e eu não estou, só sei que não encontro ninguém de jeito e ele encontrou, só sei que a minha filha adora a mulher do pai e tenho medo de a perder…» E as lamentações não têm fim. Oiço a sua voz a baixar o volume pois o meu pensamento solta-se e penso que realmente as mulheres são estranhas, são exigentes, querem sempre aquilo que não têm, sonham com o impossível e são difíceis de contentar. Dou-lhe um abraço… terno, apertado e tento aliviar o fardo que por auto-determinação carrega. Recordo-lhe que a decisão de se divorciar partiu dela, que nenhuma mulher irá ocupar no coração da filha, o lugar que ela ocupa e que provavelmente o ex-marido ainda nutrirá algum carinho por ela. Mas friamente digo-lhe que está a fazer mal ao marido invejando a sua felicidade, faz mal à filha porque a obriga a sentir-se culpada pela alegria que tem e, principalmente, faz mal a ela própria porque não aceita que avida é feita de mudanças, porque ainda acredita que para ser feliz precisa de um homem ao seu lado, porque concentra toda a sua energia nas recordações do passado, porque ainda não percebeu que a felicidade é feita de pequenos momentos especiais, e não é um estado perene, e que no dia em que se sinta bem com ela própria e recupere o brilho dos seus olhos, tudo na sua vida fluirá de uma forma muito diferente."»
publicado por sandra aqui

04/09/2009

...ainda sonhas?!...

olhas através da vida como através de uma janela. contentas-te em ser espectador porque o papel de actor te parece trabalhoso demais. e traz consigo demasiados riscos. conformaste-te com tudo. o leite meio frio do pequeno-almoço quando não o tinham deixado ferver e demoravas a levantar-te; a meia amizade do João quando tinhas 14 anos e ele disse à Luísa que gostava dela, depois de tu lhe teres confessado que só conseguias ver os seus olhos ao adormecer, ao acordar; o abraço morno da tua namorada, não demasiado gélido para te congelar, mas quente de menos para te aquecer. no fundo, no fundo ainda sonhas vir a ser aquilo de que mais gostavas de te disfarçar no carnaval quando pequeno: super-homem. uma vida apagada. e, num rodopiar mágico, o homem mais forte do mundo. na verdade, na verdade sabes que nunca irás encontrar a tua cabine telefónica para mudar de pele.

publicado por brida aqui

...

"Estou há tanto tempo

à beira do precipício...

Só me falta cair!"

escreveu eugénia


acrescento apenas:

Antes de cair,

Quero voltar a sorrir

Nem que seja

Só mais uma vez!


03/09/2009

...respostas...


"Grito para que me oiças,
para que faças da minha voz, o eco da tua boca fechada.
Para que embales esta melancolia como nossa e não tão minha,
que faças deste aperto do meu peito,
o amor que falta no coração.

Faltam-me lágrimas,
faltam-me designações a tudo isto que me agarra a ti,
nem nos teus braços encontro respostas,
tão pouco nos teus lábios as palavras que pensei encontrar
quando te conheci."

publicado por Pandora aqui

... A Esperança ...


Eva - imagem retirada da net
A esperança é filha do desejo, mas não é o desejo. Constitui uma aptidão mental, que nos fez crer na realização de um desejo. Podemos desejar uma coisa sem que a esperemos. Toda gente deseja a fortuna, muito poucos a esperam. Os sábios desejam descobrir a causa primitiva dos fenômenos; eles não têm nenhuma esperança de consegui-lo. O desejo aproxima-se algumas vezes da esperança, a ponto de confundir-se com ela. Na roleta, eu desejo e espero ganhar.
A esperança é uma forma de prazer em expectativa que, na sua atual fase de espera, constitui uma satisfação freqüentemente maior do que o contentamento produzido pela sua realização. A razão é evidente. O prazer realizado limita-se em quantidade e em duração, ao passo que nada limita a grandeza do sonho criado pela esperança. A força e o encanto da esperança consistem em conter todas as possibilidades de prazer. Ela constitui uma espécie de vara mágica que transforma tudo. Os reformadores nunca fizeram mais do que substituir uma esperança por outra.
Gustave Le Bon,
in "As Opiniões e as Crenças"


publicado aqui

02/09/2009

...Quero o teu grito...


Não quero o teu silêncio. O teu silêncio é opressor dos nossos sentimentos. Quero que grites. Quando nos amamos não gritas. És egoísta. Guardas para ti aquilo que sentes ou não sentes nada. Eu quero partilhar aquilo que sentes. Tu não fazes amor comigo. Tu f**** em silêncio como se f**** fosse uma obrigação, um acto banal, comezinho sem interesse e sem entusiasmo. Como uma refeição sem fome e sem tempero, em qualquer dia banal da vida quotidiana. O teu orgasmo é apenas físico, mera explosão de energia, mudo, contido, sem som, nem expressão do teu rosto. F**** sem raiva, cada vez com menos raiva. Eu não quero f**** sem amor nem raiva. Não quero ser passiva, abrindo as pernas como quem abre gavetas e se deixa encher das tuas vaidades imundas. Quero esse acto como acto de amor partilhado. Quero gritar bem alto o prazer e a dor, para que o prazer e a dor penetrem nas minhas veias, no meu inconsciente, no fundo do meu passado. Quero que o teu grito fique indelével, gravado na minha memória, percorra as minhas veias como o sangue que me alimenta. Não quero que o teu grito se perca no vazio do espaço silencioso, na penumbra das noites sem história, no fundo perdido da nossa memória. Quero que os nossos gritos de amor façam calar o ruído do mar, o uivo do vento que sopra nos montes gelados do inverno do nosso viver, o grito dos fantasmas que me atormentam. Que se calem os tambores, as flautas dos poetas falhados. Quero que este grito passe de geração em geração. Se transmita no meu sangue como o pecado que herdam todos os amantes.

(João Norte )