tenho a tua mão na minha mão e a mão do olhar invulgar que passa ao lado virando a esquina a desdobrar a pálpebra...no fim a tua mão faz gestos na minha mão e ajuda-me a ver a quebra de luz que o dia tem depois do fim...vou andando olhando o chão e a sentir a tua mão parada sobre a minha mão e não vejo o fim... tentamos acabar com todas as coisas que me fazem chorar pelo que não tenho e não sei se devo ao fim alguma coisa de mim e para quê... se traço na minha mão a tua força e vou escrevendo sobre o fundo do mar e sobre os teus olhos a seguir-me líquido e falido e frio... e o fundo do mar é tão longe e só sem fim... e a loucura que tenho e sinto dentro das nossas mãos juntas... a violência discreta e sincera de quem não sabe o que fazer com tanto dentro das mãos... à língua suja e cheia de nós pelo que deixàmos de falar e de dizer... fogos engolidos um ao outro... e assim não conseguimos fugir... não há fim nisto que sentimos.
tenho a nudez de não saber o que fazer a tanto corpo espalhado sobre todos os quartos desta casa... um corpo sem fim sem princípio sem corpo que se pareça com o nosso corpo junto... parece que engolimos um fantasma que sabe todas as moradas dentro de nós... os seus dedos longos e bicudos escutam as nossas falhadas promessas que já não dizemos um ao outro a ninguém... não há silêncio para tanto corpo... e juntos apesar de vermos o sol pela mesma janela e pelo mesmo som não sabemos o fim ao resto.
não te transformes em flores cujo as cores que não sabes dizer.
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... o eco do que sentimos é sempre bom de ouvir ...